Material instrucional para avaliação
funcional da laringe
Ana Cristina Côrtes Gama
Marco Aurélio Rocha Santos
Sayuri Hiasmym Guimarães Pereira dos Santos
Ualisson Nogueira do Nascimento
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
Introdução
Do
conjunto
de
avaliações
importantes
para
compreender
o
processo
de
produção
da
voz
,
a
avaliação
funcional
da
laringe
é
um
instrumento
necessário
na
descrição
do
comportamento
vibratório
normal
e
anormal
das
pregas
vocais
(
PPVV
).
Woo, 2010
Instrumentos de avaliação
Atualmente
temos
a
capacidade
de
gravar
imagens
digitais
da
laringe
durante
a
fonação
por
meio
da
videolaringoscopia
,
videolaringoestroboscopia
e
da
videolaringoscopia
de
alta
velocidade
(
HSV
).
Instrumentos de avaliação
Videolaringoscopia
Videolaringoestroboscopia
HSV
Fonte: Videolaringoscopia e videolaringoestroboscopia de uma pessoa do sexo feminino adaptados de
.
HSV do banco de dados do Observatório de Saúde Funcional (OSF) FM-UFMG.https://www.youtube.com/watch?v=Ddal_OAzkLQ
Parâmetros observados
A
avaliação
da
fisiologia
fonatória
e
do
padrão
vibratório
das
PPVV
pode
ser
descrita
com
relação
a
diversos
traços
ou
fenômenos
principais
observados
nos
exames
laríngeos
,
como
por
exemplo
:
1)
Fechamento
g
lótico
;
2)
Amplitude
d
a
o
nda
m
ucosa
d
urante
a
v
ibração
d
as
P
PVV
;
3)
Frequência
e
p
eriodicidade
d
e
v
ibração
d
as
P
PVV
;
4)
Força
d
e
a
dução
d
as
P
PVV
;
5)
Movimento
d
e
e
struturas
s
upraglóticas
.
Woo, 2010
Fechamento glótico
Determinado
pelo
grau
de
aproximação
das
PPVV
durante
o
fechamento
máximo
do
ciclo
glótico
.
É
classificado
como
completo
e
incompleto
.
ASHA, 2004
Fechamento glótico
Hirano & Bless, 1997
Fechamento
completo
Na
fase
fechada
,
as
PPVV
mantém
completo
contato
.
A
glote
fecha
completamente
durante
cada
ciclo
glótico
.
Woo, 2010
Fechamento glótico
Videolaringoscopia de alta velocidade com fechamento glótico completo.
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=9kHdhbEnhoA
Fechamento
incompleto
•
Fenda
g
lótica
p
osterior
Rima
na
glote
posterior
.
Abertura
triangular
no
terço
posterior
da
glote
que
pode
se
estender
até
a
parte
membranosa
.
Woo, 2010; Kendall & Leonard, 2011
Fechamento glótico
HSV com vogal /e/ em emissão habitual de.
Fonte:
Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Fechamento
incompleto
•
Fenda
g
lótica
a
nterior
Rima
na
glote
anterior
.
Abertura
no
terço
anterior
da
glote
.
Em
geral
,
tem
aparência
de
fuso
ou
de
elipse
.
Woo, 2010
Fechamento glótico
Fechamento
incompleto
•
Fenda
f
usiforme
c
entral
(
b
owing
o
u
e
líptica
)
Rima
em
forma
de
fuso
no
centro
.
Fechamento
apenas
na
comissura
anterior
e
no
processo
vocal
.
Hirano & Bless, 1997; ASHA, 2004; Woo, 2010
Fechamento glótico
Fechamento
incompleto
•
Fenda
e
m
a
mpulheta
Rima
em
forma
de
ampulheta
ou
duplo
fuso
.
Fechamento
apenas
na
região
média
da
glote
.
Woo, 2010; Kendall & Leonard, 2011
Fechamento glótico
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco
de dados do OSF FM-UFMG.
Fechamento
incompleto
•
Fenda
i
rregular
Rima
glótica
de
forma
irregular
.
O
fechamento
mostra
uma
abertura
irregular
da
glote
durante
o
fechamento
máximo
.
Geralmente
é
causada
por
uma
massa
.
Woo, 2010
Fechamento glótico
Fechamento
incompleto
Rima
glótica
em
toda
a
extensão
.
As
PPVV
nunca
entram
em
contato
uma
com
a
outra
.
Woo, 2010
Fechamento glótico
Videolaringoscopia com vogal /i/ em emissão habitual.
Fonte: adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=78X3A5vpzXU
Amplitude
A
amplitude
da
onda
mucosa
é
definida
como
a
extensão
da
excursão
horizontal
(
látero-medial
)
das
PPVV
durante
a
vibração
.
É
avaliada
em
emissões
com
pitch
e
loudness
habituais
.
É
classificada
em
:
normal
,
diminuída
ou
aumentada
.
Quando
há
diminuição
ou
aumento
anormal
da
amplitude
,
avalia-se
a
simetria
,
ou
seja
,
se
é
unilateral
ou
bilateral
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Kendall & Leonard, 2011
ASHA, 2004
Amplitude
normal
A
amplitude
de
excursão
horizontal
normal
é
de
metade
a
dois
terços
da
largura
da
porção
visível
das
PPVV
.
Woo, 2010
Amplitude
Videoestroboscopia com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: adaptada de https://www.youtube.com/watch?v=Ddal_OAzkLQ
Amplitude
diminuída
Quando
a
excursão
horizontal
da
PV
é
menor
que
o
normal
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Amplitude
diminuída
Uma
pressão
glotal
apertada
demais
resulta
em
uma
amplitude
pequena
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Videolaringoscopia.
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=gmNwpJf1zUQ.
Amplitude
diminuída
Uma
diminuição
unilateral
de
amplitude
sugere
rigidez
ou
presença
de
lesão
de
massa
isolada
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Videolaringoscopia com /i/ em emissão habitual.
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=syQkauaU65I
Amplitude
diminuída
O
envolvimento
bilateral
sugere
rigidez
,
lesão
de
massa
ou
tensão
nas
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Videoestroboscopia com vogal /e/ em emissão habitual e aguda.
Fonte: Acervo do OSF FM-UFMG.
Amplitude
diminuída
Quando
não
se
observa
nenhuma
excursão
horizontal
das
PPVV
,
há
zero
amplitude
.
Presente
na
paralisia
bilateral
de
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Videolaringoscopia com vogal /i/ em emissão habitual.
Fonte: adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=78X3A5vpzXU
Amplitude
aumentada
Quando
a
excursão
horizontal
da
PV
é
maior
que
o
normal
.
Hirano & Bless, 1997
Amplitude
Videoestroboscopia com vogal /i/ em emissão habitual.
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=Ylerwo7TeAg
Amplitude
aumentada
A
amplitude
da
vibração
normalmente
aumenta
com
o
aumento
da
pressão
glótica
,
como
ocorre
durante
uma
fonação
forte
.
A
amplitude
da
vibração
também
aumenta
à
medida
que
a
frequência
de
vibração
das
PPVV
diminui
.
Kendall & Leonard, 2011
Amplitude
HSV com vogal /i/ em emissão forte.
Fonte: Banco
de dados do OSF FM-UFMG.
Frequência de vibração
Maior
atividade
do
músculo
cricotireóideo
promove
o
estiramento
e
enrijecimento
do
tecido
das
PPVV
e
a
emissão
de
uma
maior
frequência
de
vibração
das
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Frequência de vibração
HSV com vogal /i/ em emissão aguda
.
Fonte: Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Quanto
mais
curta
a
porção
vibrante
da
PPVV
,
maior
a
frequência
de
vibração
das
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Frequência de vibração
Videoestroboscopia com vogal /i/ em emissão aguda.
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=Ddal_OAzkLQ
Quanto
maior
a
pressão
subglótica
,
maior
a
frequência
de
vibração
das
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Frequência de vibração
Videoestroboscopia com vogal /e/ em emissão glissando ascendente.
Fonte: Adaptada de https://www.youtube.com/watch?v=DwTjSTHl5QE
Quanto
maior
a
massa
vibratória
da
PV
,
menor
a
frequência
de
vibração
das
PPVV
.
Hirano & Bless, 1997
Frequência de vibração
Videoestroboscopia com emissão em glissando ascendente.
Fonte: Adaptada de https://www.youtube.com/watch?v=DwTjSTHl5QE
Periodicidade de vibração
A
periodicidade
baseia-se
na
regularidade
de
vibração
das
PPVV
;
A
periodicidade
depende
das
propriedades
mecânicas
das
PPVV
e
da
força
expiratória
aplicadas
a
elas
.
É
classificada
em
:
periódica
e
aperiódica
Kendall & Leonard, 2011
Periodicidade de vibração
Videolaringoscopia de alta velocidade.
Fonte: HSV. Fonte: Adaptado de
https://www.youtube.com/watch?v=9kHdhbEnhoA
Hirano & Bless, 1997
Como
as
PPVV
não
oscilam
em
um
padrão
perfeitamente
periódico
,
considera-se
o
padrão
vibratório
das
PPVV
como
quase-periódica
.
A
vibração
“
periódica
”
é
uniforme
em
amplitude
e
tempo
.
Woo, 2010
Periodicidade de vibração
Hirano & Bless, 1997
Videolaringoscopia de alta velocidade com vogal /e/
em emissão habitual e regularidade de vibração.
Fonte: Acervo do OSF FM-UFMG.
A
variação
de
amplitude
,
de
tempo
,
ou
de
ambos
parâmetros
em
conjunto
,
podem
promover
uma
irregularidade
de
vibração
das
PPVV
,
ou
seja
,
uma
vibração
aperiódica
.
Hirano & Bless, 1997
Periodicidade de vibração
Videolaringoscopia de alta velocidade com vogal /e/ em emissão
habitual e irregularidade de vibração.
Fonte: Acervo do OSF FM-UFMG.
Mudanças
de
amplitude
podem
indicar
irregularidade
no
padrão
vibratório
das
PPVV
como
nos
tremor
vocal
.
Woo, 2010
Periodicidade de vibração
Videoestroboscopia com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Adaptada de https://www.youtube.com/watch?v=xQ-QRcagGzY
Força de adução
Caracterizada
pela
força
da
compressão
látero-medial
das
PPVV
.
Classificada
em
adequada
,
diminuída
ou
aumentada
.
Woo, 2010
Força de adução
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Adequada
A
força
de
adução
adequada
apresenta
equilíbrio
força
da
compressão
látero-medial
das
PPVV
.
Woo, 2010
Força de adução
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco
de dados do OSF FM-UFMG.
Aumentada
Em
uma
maior
força
de
adução
,
a
amplitude
de
vibração
é
aproximadamente
metade
da
largura
total
da
superfície
superior
das
PPVV
.
Kendall & Leonard, 2011
Força de adução
HSV com vogal /e/ em emissão forte.
Fonte: Banco de
dados do OSF FM-UFMG.
Diminuída
Com
a
diminuição
da
força
de
adução
,
observa-se
presença
de
redução
da
movimentação
das
PPVV
.
Woo, 2010
Força de adução
HSV com vogal /e/ em emissão fraca.
Fonte: Banco
de dados do OSF FM-UFMG
.
Movimento de estruturas
supraglóticas
Em
condições
normais
,
as
estruturas
supraglóticas
não
estão
envolvidas
nos
movimentos
vibratórios
.
Classificado
em
presente
ou
ausente
.
Hirano & Bless, 1997
Movimento de estruturas supraglóticas
Ausente
Não
há
a
presença
de
estruturas
supraglóticas
em
movimento
durante
a
fonação
.
Woo, 2010
Movimento de estruturas supraglóticas
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Presente
Na
presença
de
alterações
laríngeas
(
estruturais
e
/
ou
funcionais
),
as
estruturas
supraglóticas
podem
vibrar
como
um
mecanismo
compensatório
,
como
a
constrição
anteroposterior
.
Hirano & Bless, 1997
Movimento estruturas supraglóticas
HSV com vogal /e/ em emissão habitual.
Fonte: Banco de dados do OSF FM-UFMG.
Presente
Pode
haver
a
medialização
das
pregas
vestibulares
,
ou
seja
,
a
compressão
médio-lateral
.
Hirano & Bless, 1997
Movimento de estruturas supraglóticas
Fonte: Adaptado de https://www.youtube.com/watch?v=yA7_tnX74m8
O presente trabalho foi realizado com apoio do CNPq, Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico-Brasil (nº 309108/2019-5).
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